sexto sentido

segunda-feira, janeiro 12, 2004

Dissonâncias

No outro dia apercebi-me, com grande tristeza, que a pessoa com quem decidi fazer a minha vida, vive num planeta diferente do meu. Não é Marte ou Júpiter. Geograficamente falando. vivemos os dois no mesmo planeta Terra, Planeta Azul, mas em termos psicológicos, e sem que eu me tivesse apercebido, ao longo dos anos, fomos correndo caminhos diferentes.
Não sei exactamente em que altura é que surgiu esta bifurcação que nos fez optar por caminhos diferentes, mas o certo é que ultimamente me tenho apercebido que cada vez estamos mais longe.
E agora pergunto: é possível duas pessoas viverem uma vida juntas seguindo por caminhos diferentes?
É possível que o amor, que existe, nos consiga unir, consiga que existam sempre pontes para nos encontrarmos?
É difícil. Até porque o amor ao longo dos anos vai-se transformando. A paixão que nos cegava no início, que não nos fazia ver os defeitos, que nos fazia fazer sacrifícios (muitas vezes sacrificando os nossos ideais), passa ao fim de um ano, no máximo dois. E a relação transforma-se. Passa a haver mais compreensão de parte a parte, mais companheirismo, mais habituação, também. Surgem laços ainda mais fortes que nos unem, como os filhos.
E eu acredito que são os filhos que conseguem manter muitas relações. Porque quando temos filhos deixamos de ser egoístas e de olhar só para o nosso umbigo. Os filhos são o filtro das nossas atitudes, tal como o filtro do café que não deixa passar as borras.
Nós que passamos a vida a tentar educa-los, não nos apercebemos que são eles, também, que nos ajudam a tomar certas opções.
(To be continued)
C