sexto sentido

domingo, fevereiro 29, 2004

Uma Carta Dificil de Escrever...

Foi com um certo desconforto que soubémos da morte de um montanhista Português em Espanha.

Não existe assim tantas pessoas ligadas ao desporto aventura em Portugal e tememos sempre conhecer a pessoa em causa... e foi assim que no dia seguinte chegou-nos aos ouvidos que talvez tivesse sido "ele" a morrer nesse terrivel acidente de neve.

Liguei-te a medo, mas cheia de esperanças que com um grande sorriso me dissesses que era engano. Não era. Atendeste a chamada com a voz trémula e nas primeiras frases que trocámos, mesmo que com medo de te perguntar, deste-me a resposta que eu não queria ouvir.

Lamentamos imenso. Custa-nos muito a acreditar como é que tudo poderá ter acontecido, como é que é possivel "ele" já não estar connosco.

Sabes, eu acredito que a vida é uma passagem, em que temos a possibilidade de evoluir e após cumprirmos uma missão partimos para um lugar onde nos tornamos um núcleo de energia sem forma, sem espaço, sem tempo.

Mas, mesmo acreditando que partimos para um lugar superior, não concebo a ideia de alguém da nossa idade partir... pensámos logo em ti e no vosso filho. E na certeza de que "ele", se pudesse escolher, continuaria ao vosso lado e faria questão de ver o filho crescer.

Pareceu-nos ironia do destino essa fatalidade acontecer com um dos técnicos de desporto aventura mais rigorosos com a segurança que conhecemos até hoje.

E foi com pena nossa que fomos parar a Figueirós dos Vinhos no dia 25 de Fevereiro em vez de Arruda dos Vinhos. Acabámos por não conseguir dizer-lhe o último adeus e dar-te a ti um abraço de apoio e conforto.

É por isso que te escrevemos, e te desejamos muita força para ultrapassares a dor e conseguires agora ser mãe e pai de uma só vez. Gostava que contasses connosco não só como colegas de trabalho mas também como amigos... sempre que precisares.

Um enorme e sincero abraço de apoio e de amizade,

M.