sexto sentido

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Vou ser mãe...

Não era algo planeado, na realidade os filhos nunca fizeram parte dos meus planos. Foi um tema muito pensado por mim, muitas vezes, e a conclusão foi sempre invariavelmente a mesma: era muito cedo, e provavelmente seria sempre muito cedo.

Tenho a plena noção de que a vinda de um filho altera tudo nas nossas vidas, as prioridades, as preocupações, os tempos. Viram a nossa vida de cabeça para o ar, obrigam-nos a pensar neles com mais preocupação do que em nós. Um pouco de nós está ali e esse "pouco" torna-se tanto, tanto mais que nós mesmos. Tornam-se o nosso centro e é neles que pensamos a cada passo. E foi isso que sempre recusei...

A ideia de perder o centro de mim mesma, de ter alguém que depende de mim, das minhas decisões, assustou-me sempre. Acho que isso que me repulsou de pequenos namoriscos durante a juventude dos tradicionais namorados colas. Não dava, simplesmente não dava. Sufocavam-me por completo, e a sua dependência da relação, ou os exagerados planos para o futuro arrepiavam-me.

Ao longo do meu percurso amoroso escolhi criteriosamente seres por natureza independentes, com o sentido de liberdade pessoal bem afincado. Aprendi a importância de amar em liberdade e exigi sempre o meu espaço e as minhas decisões.

E por isso, saber que vou ser mãe, mesmo por breves momentos, virou todo o meu mundo mas curiosamente senti um sorriso nos lábios. A ideia não me repulsou!

Vou ser mãe. E apesar da surpresa da novidade, que entrou na minha vida de rompante, sem pedir licença, sem tocar à campainha, será um filho bem recebido com quem já discuti com o pai o nome a escolher, a forma de decorarmos o quarto, a forma mais original de contarmos aos nossos familiares.

É uma página nova, completamente nova na minha vida, que não estou com qualquer receio de virar. A ideia que tanto me repulsou, é agora, perante factos, muito atraente!

Não era a altura certa, mas não necessariamente a errada. Em abono da verdade, nada nos últimos tempos me tem acontecido na altura certa...

... e afinal, foi apenas um falso alarme, vivido com enorme intensidade, com imenso amor. E... adorei ser mãe, mesmo que por poucos dias...

M