sexto sentido

quinta-feira, setembro 29, 2005

O encontro adiado que aconteceu



Recordam-se de há uns posts atrás vos ter confidenciado a situação de uma amiga Sara que saiu de um hospital psiquiátrico e que pretendia um encontro para falarmos?

O encontro aconteceu hoje. Quis o destino que fosse hoje à aldeia onde vive a Sara, tratar de um assunto a pedido do meu pai. E à mente, veio fortemente o pensamento "Quem és tu para julgar alguém se nem Deus o faz?". É o que faz ser católica...

Peguei no telefone e liguei-lhe. Ela atendeu eufórica, com uma voz nitidamente alegre por receber a minha chamada. Disse-lhe que estava na sua aldeia e ela convidou-me a ir até à sua casa. E eu fui...

Ela apareceu com um enorme sorriso, recebeu-me e convidou-me a sentarmo-nos na sala e conversarmos. Ela tentou evitar falar no passado inicialmente, e eu esperei por um momento mais adequado ara o fazermos.

Ela falou sobre o seu esgotamento e depressão (apesar de à minha frente estar a mesma Sara de sempre, sempre a rir e com uma enorme pica). Ao longo da conversa falou que ainda não podia regressar ao trabalho, que estava a tomar injecções diárias, e que estava a pensar em pedir para ser novamente internada.

Que passava os dias em casa a fazer a lida da casa, saia aos fins de semana mas que não estava preparada para trabalhar (a Sara adorava trabalhar e era muito esforçada em tudo o que fazia).

Disse que tinha dúvidas se estava a ser bem medicada e pediu-me para ver os medicamente que tomava, mas estranhamente as caixas não tinham aquele papel descritivo que sempre acompanha os medicamentos. Perguntei-lhe pelos mesmos mas ela disse que já lhos davam mesmo assim. Sugeri que ela procura-se na internet informação sobre os mesmos.

E oportunamente acabámos por falar do passado, não lhe disse nem metade das coisas que aconteceram pois a sua face demonstrou um enorme contrangimento e vergonha. Ela pediu desculpas, disse que já não se recordava de algumas coisas, mas que só podia lamentar e desculpar-se e pedir nova oportunidade.

Não lhe dei resposta, dei a subentender que a confiaça uma vez perdida, dificilmente é reactada, dei-lhe algumas palavras de esperança e de força para vencer o "curto circuito" como ela mesma referiu.

Antes de me vir embora (até porque estava na hora do pai a ir buscar para a injecção diária) ela fez questão em me mostrar as fotografias no seu placar da nossa queima das fitas, de me dar uma pintura e um livro. Voltou a mostrar-me alguns presentes que lhe havia dado como quem pede para a não abandonar.

Despedimo-nos e já não cheguei a casa a tempo... estava marcado um técnico reparar a máquina de lavar roupa esta tarde... e ele chegou antes de mim e foi-se embora... Estou de partida novamente esta Segunda para o norte, tenho um monte de roupa para lavar e até lá não tenho máquina!!! :P

O stress de quem vive na cidade... é altura de experimentar os serviços da lavandaria em frente!

Mariana