sexto sentido

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Mudanças

Quantas coisas mudam à nossa volta... quantas pessoas mudam... e quantas vezes somos nós mesmos a mudar. E aqueles que sempre tiveram connosco, os nossos melhores amigos e companheiros, com quem partilhámos os melhores momentos e os menos bons, surgem-nos agora como uma companhia preterida.

Não deixámos de ser amigos, não deixámos de gostar deles... mas com as mudanças da vida, da forma de pensarmos e dos interesses pessoais... afastamo-nos. O nosso grupo de amigos de infância deixou de ser o grupo eleito, as conversas, com as quais sempre nos rimos um pouco, deixaram de nos completar socialmente. Queremos mais, queremos discutir outros assuntos, outras questões, outros interesses...

E foi neste vazio que, sem sequer me aperceber, fiz novos amigos, com os quais me identifiquei, nos quais encontrei ambições, desejos e interesses idênticos aos meus. E isso foi extraordinário.

De repente deixei de me sentir diferente, e passei a sentir-me compreendida, aceite. Porque afinal, havia mais pessoas a pensar como eu. Afinal, o que eu pensava não era assim tão estranho, não era impensável ou aberrante. Era simplesmente diferente.

E foi assim que a faculdade foi uma porta de um novo mundo, que embora académico trouxe-me novos ares muito, muito importantes que mudaram muita coisa na vida de todos aqueles que nos encontrámos lá. Afinal, não era apenas eu a ter a sensação de diferença... Afinal não estava errada, não era alucinada... apenas vislumbro outros horizontes, alimento diferentes desejos de realização pessoal... tão desinteressantes ou impensáveis para a maioria do meu grupo de amigos de infância.

E nenhum de nós errou, e nenhum de nós está mais certo que o outro. Estamos apenas em patamares diferentes, que se distinguem apenas pela diferença. Temos simplesmente de aceitar essa diferença... e a experiência demonstrou-me a importância de não deixarmos para trás os amigos de sempre mas de também criarmos laços com aquelas que maior capacidade de compreensão e identificação teem connosco.

Obrigada amiga C.! Tenho pena de não termos sido colegas de escola desde a primária. Teria sido um bálsamo ter alguém na carteira ao lado que entende-se a importância de ir mais longe e que o desejasse também. Alguém com a energia e a vontade de o fazer. Aprendi e aprendo constantemente contigo. Ensinaste-me mais num ano de convivio do que todos os livros sobre o meio social que li até hoje. Obrigada pela tua simplicidade e amizade que, em poucas palavras, diz tanto...

M