sexto sentido

quinta-feira, março 04, 2004

O menino azul

Existem coisas no mundo que nos revoltam: as guerras pelo dinheiro, pelo poder, a xenofobia, o chauvinismo, a fome, a doença, a falta de sensibilidade, os massacres étnicos, a indiferença, o desrespeito, a falta de liberdade.

Esta semana, através da comunicação social, todos tivemos conhecimento do caso do “menino azul”, assim apelidado devido à grave doença que o atinge e que lhe dá essa cor azulada, do desespero da sua mãe que tem de dispor de 1000 euros mensais para a medicação que o faz sobreviver à doença, e da indiferença, falta de sensibilidade e falta de apoio do Estado para este caso. Três dos pontos indicados no parágrafo anterior e que transmitem revolta.

Uma criança desejada, que teve o infortúnio de nascer com uma doença rara que lhe tira a energia para ser criança. Uma doença que lhe consome o futuro e sarcasticamente lhe dá a cor do que o espera.

Quando tanto se fala do aborto e da gravidez indesejada, quando se fala de aumentos desmesurados a administradores de Hospitais públicos, convinha reflectir sobre tudo isto, juntar todos os pontos, seguir uma só linha de orientação e deixar de ser hipócrita.

Se temos um Estado que defende a penalização do aborto, então convinha que o mesmo apoiasse os que cumprem a lei. Se temos direito a um sistema de saúde, então convinha que o mesmo funcionasse e apoiasse os que de facto necessitam.

Eu não sei qual é a condição económica daquela família, mas seja qual for, não podemos ficar indiferentes à doença.

O mesmo se aplica aos diabéticos, que continuam a ter um apoio mínimo do Estado, e a tantos outros doentes crónicos, que, infelizmente, têm de viver com as suas maleitas, muitas vezes em situações penosas.

Um Estado perfeito é uma utopia, mas um Estado insensível, indiferente é um escândalo.

C