sexto sentido

quinta-feira, março 11, 2004

Roménia

Há alguns anos atrás fiz uma viagem à Roménia.
Fiquei apaixonada por aquele país, solto das rédeas do comunismo há demasiado pouco tempo para já ter recuperado plenamente. A lufada de ar fresco ocorrida com a queda de Nicolae Ceausescu, deu ao país uma alegria infinita, embora os mais saudosistas ainda chorem os tempos de privação, em que a falta de liberdade não levava os jovens aos devaneios próprios da idade.

Estive lá em 98, nove anos depois da rebelião popular, fim da ditadura. Provavelmente, hoje o país já estará diferente.
A imagem que retenho é a de um povo hospitaleiro, simpático, que nos recebe de braços abertos, mesa cheia, mesmo onde a pobreza persiste. Um povo bem formado, educado. Um povo alegre, latino, claro está!

Um país com uma cultura riquíssima, fruto de uma longa história povoada de influências imperiais ( Império Romano, Império Otomano, Império Austro-Húngaro).

Um país diferente com extensas paisagens ainda virgens.

Um país onde desagua um rio misterioso, o Danúbio, povoado de fábulas, de histórias fantásticas, de reinos distantes, cujas águas trazem ainda gravadas as imagens dos países por onde serpenteia, Alemanha, Áustria, Hungria.
Um rio que dá aos romenos a sensação de que nesta altura de mudanças ele poderá começar a correr para o ocidente, navegando com ele a esperança de um futuro melhor.

E foi também durante a minha estada na Roménia que conheci a obra de Mihail Eminescu (1850-1889). Poeta romântico, figura de destaque nacional.
Da sua vida breve (morreu com 39 anos), deixou uma obra riquíssima, da qual conheço apenas uma parte. Deixo hoje aqui como testemunho, um dos seus poemas:


Your Days Increase With Each Tomorrow

Your days increase with each tomorrow,
With yesterday your life grows less,
In front of you there lies, however,
The present day with its distress.

Whenever one man falls, another
Comes up, continuing the race
Just as the sun goes down, yet only
To rise above some other place.

It merely seems that other wavelets
Flow down the stream by the same bed,
It seems it is another autumn,
Although the selfsame leaves fall dead.

The empress of the gorgeous morning
Walks steadily before our night;
And Death himself is an illusion,
A treasurer of life and light.

For every transitory moment
This truth I learn and will rehearse:
One moment props eternal being
And rolls the mighty universe.

Let, then, the present year evanish,
Let it be buried in the past;
For even now you own the treasure
Which in your soul you held so fast.

Your days increase with each tomorrow,
With yesterday your life grows less,
In front or you there lies, however,
The present day with its distress.

The splendid sights, the charming landscapes
In quick succession fly away,
Yet ever they repose unchanging
Under the thought’s eternal ray.

Mihail Eminescu (traduzido por Leon Levitchi)

C

Manhã negra em Madrid

Os assassinos: Inqualificáveis
As vítimas: Mártires

Haverá alguma causa no mundo que justifique tanta violência??

C

O tempo urge

Numa conversa casual, daquelas em que se diz qualquer coisa só para se olhar para quem ama, ele diz:
"Sabes Mariana, eu amo-te de uma forma especial, mas eu também amo outras raparigas".
Eu pensei: Fodass, tou a perder este gajo... e respondi com um sorriso que tentou demonstrar tudo aquilo que eu não sentia, algo do género "Estou feliz por ti.". Respondi: Ah, temos moura na costa, portanto!? E ele disse-me com um sorriso comprometido que sim, com aqueles sorrisos que só manda quem se está a apaixonar. E eu pensei: Agora é que está tudo f*. Se te apaixonas, perco-te para sempre... eu sei disso, porque vivi com ele aquele estado de enamoramento. Sei os seus gestos, a sua forma de pensar, a sua forma de amar.

E fiquei impávida e serena, sem saber o que fazer (o que posso eu fazer, nada... eu tomei o primeiro passo da separação, é natural que esta situação acontecesse mais tarde ou mais cedo). É claro que posso voltar atrás, mas se voltar tem de ser agora. Amanhã já não tenho essa possibilidade. Mas essa possibilidade, seduz-me? Se calhar não...

Resta-me manter-me assim... como estou... e esperar que o detsino se encarregue de me dar o melhor que possa me estar
reservado.

M